Nas malhas do destino, a maldição alemã

Há coisas que não percebo...penso, penso,...e não consigo perceber de todo. Eu nunca fui pessoa de embalar em superstições, mas ultimamente vejo-me duvidosa do meu cepticismo. A febre Encarnada transformou-me.
Em dia de futebol do Glorioso acordo com um sorriso na cara. Hoje joga o Benfica. Espectáculo!! Podem acontecer-me muitos azares, mas no fundo de mim há uma esperança que nunca morre. Um jogo do Benfica vale por tudo. Conto as horas, os minutos e ao aproximar do momento a ânsia aumenta. Os jogadores entram em campo, o café começa a encher, a alegria do povo contagia o ambiente. As mãos tremem de euforia e o coração bate ao som do apito que inicia a partida.
Durante o jogo grito e esperneio, consigo ser verdadeiramente irritante. Já experimentei pedras da sorte, almofadas, cânticos...uma carrada de coisas aparentemente estúpidas, mas na hora da acção, só alguém que ame muito a causa consegue compreender estes devaneios. Há quem lhe chame loucura, doença, histerismo, eu chamo Benfiquismo.
Algures por aí existe uma "tasca" onde, desde que me lembro, assisti sempre a grandes jogos do meu Benfica Glorioso, os melhores exemplos: Marselha-Benfica (jogo fantástico) e Benfica-Rio Ave (Campeões!!). Registos vitoriosos que me fazem eleger a "tasca" como um autêntico amuleto da sorte.
Ontem ao acordar, os sintomas do Benfiquismo repetiram-se. Meia hora para o início da partida em país de infortúnio e eu rumei à "tasca". Cruzei-me com o triste fado alemão e nem o amuleto me valeu. O destino tramou-me bem e causou um bloqueio na ligação da Sport Tv. Resumindo, o grande ecrã tinha o acesso negado ao jogo e a clientela dissipou-se para a tasca mais próxima. Também eu vi-me obrigada a mudar de canto, mas aquele canto não é a minha "tasca" da sorte. Ficou provado que a maldição germânica é bem mais forte do que julgámos. Nem com amuletos lá vamos! O melhor é ir à bruxa e dar o tudo por tudo nos jogos restantes.
Esta derrota não me abateu particularmente, até porque sei que temos mais jogos pela frente e isto não há-de ser o fim do mundo. Não gostei nada nadinha de ver o Cardozo lesionado, e não gostei nadinha mesmo de ver o Schalke ganhar à custa do bom aproveitamento dos nossos erros defensivos. O jogo não se desenrolou em grandes passes de mágica; a bola era bombeada de um lado para o outro, estilo matraquilhos, o Carlos Martins estava cercado até à rolha e eu sempre tive a sensação de que a primeira equipa a marcar sairia vitoriosa. Uma lotaria, um jogo balançado com nervosismo e jogadores um pouco tropeços à mistura, que apesar de tudo não mereceram a derrota. O empate teria sido um justo fim, na minha opinião. Mas que fazer?? Isto é destino alemão. Impedida de ver o jogo na "tasca", o Roberto não equipou de branco, o Tacuara saiu lesionado, os golos tiveram origem em disparates, e, ou foi impressão minha, ou o 2º golo estava em fora-de-jogo?! Não sei não, a Sport Tv não colocou a linha amarela, como de costume...é caso para dizer, bolas!!! O destino consegue ser mesmo ruinzinho quando quer, e agora que fazer? Bola pa frente que à Alemanha tão cedo não vamos!